Alma

R$ 7.500,00
R$ 7.000,00

Em 2017, tive a oportunidade de assistir, no histórico Teatro de Arena, o espetáculo "Alma". Logo na entrada, somos recebidos por Andressa Ferreira, que tocando energicamente um djembe, nos leva a uma atmosfera sonora de impacto, que se aprofunda com flores e folhas no chão, circundado por velas acesas, gerando um espaço cênico intimista. O texto, organizado por Flávio Marin e Andressa Ferreira, é inspirado na "Valsa no. 6" de Nelson Rodrigues, juntamente com reflexões sobre acontecimentos contemporâneos, principalmente àqueles que se relacionam à violência contra a mulher. Na peça, acompanhamos a narrativa de Sônia, que luta para dar sentido às suas recordações fragmentadas, transitando entre o delírio a lucidez, em um tempo e espaço que se deslocam constantemente. Sônia, vive a angústia incessante por saber quem é, dando vida às múltiplas vozes que inundam sua memória de forma caótica: os pais, o médico da família, ou um homem misterioso por quem está apaixonada. A encenação do espetáculo é muito bem elaborada ao dar unidade aos elementos cênicos como, por exemplo, para com as diversas leituras simbólicas dos objetos de cena, tanto quanto sobre as peças sobrepostas do figurino, elaborado por Elidy Moreira, que se aliam a uma iluminação, criada por Andréa Iseki, que trabalha diferentes atmosferas alterando luz e sombra. Já a interpretação de Andressa Ferreira é potente na sua expressividade corporal e vocal, conduzindo as diversas nuances da personagem com forte presença cênica. Além dessas qualidades, o que mais me agradou em “Alma”, foi a escolha por discutir a visão arcaica e machista de dominação masculina, principalmente na objetificação do corpo feminino, denunciando as diversas violências que, até hoje, ainda são praticadas contra as mulheres. Nesta releitura de Valsa no. 6, percebi uma Sônia contemporânea que se faz resistência ao denunciar a importância de que as mulheres não tenham mais suas individualidades sufocadas. “Alma”, é um espetáculo necessário, principalmente em um tempo, em que as liberdades têm sido cada vez mais ameaçadas. Solange Dias

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